segunda-feira, 8 de junho de 2009

"A tirania da comunicação"

*Os textos que seguem “a queda do herói”, “trocar as imagens dos fatos”, “os três poderes” e “o caso Watergate” foram baseados no livro “A Tirania da Comunicação” de Ignácio Ramonet (Ed. Vozes, 1999).


A queda do herói


Por Erick Paytl


Houve uma época em que o jornalista era visto como um herói. Ele era considerado aquele profissional que reparava de erros, denunciava as injustiças. Essa imagem do jornalista como um justiceiro, inclusive, serviu para influenciar o roteiro de muitas histórias de quadrinhos criadas no passado. Não é ao acaso o fato de muitas personagens de desenhos e filmes como o super-homem, Timtim e o homem-aranha serem jornalistas.

Infelizmente, surgiram alguns vilões que levaram toda aquela imagem heróica do jornalista esgoto abaixo. A concorrência entre grandes impérios comunicativos aliada ao fato de a informação tornar-se, antes de tudo, mercadoria, fizeram com que o jornalista “esquecesse” de seu comprometimento com a verdade dos fatos. Isso fez com que o profissional passasse a ser visto com desconfiança pelo público que, uma vez antes, o considerava como herói.

Essa queda do jornalista o levou a perder o objetivo prioritário de transmitir informações. A função agora era conseguir audiência custe o que custar - o jornalista podia mentir, criar histórias, “trocar as imagens dos fatos”, etc. Ele podia também usar um estilo mais emotivo, que tendesse a criar suspense e que se voltasse para um exagero de emoções, tudo para chamar a atenção do público. Foi daí que surgiu um jornalismo que teria mais a intenção de fazer as pessoas “chorarem” do que de informá-las, o tão conhecido jornalismo sensacionalista.

Ainda vale discutir a questão de que com o advento da internet, todo mundo pôde virar jornalista. Hoje, qualquer um pode transmitir informações para qualquer pessoa. De um ponto de vista isso é prejudicial, pois se uma pessoa desqualificada, despreparada, pode “ser jornalista”, como o público vai saber em que informações confiar? São muitos os sites que trabalham com informações erradas e mentirosas, muitos deles nem envolvem jornalistas.


“Trocar as imagens dos fatos”


Existe um ditado que diz “eu só acredito vendo”. Pois bem, mas o que comprova que aquilo que se vê é realmente verdade? Ou o que comprova que as imagens que vemos tem uma relação verdadeira com o que foi dito? O mundo de hoje é formado por uma sociedade cética que só acredita vendo e, mesmo assim, essa sociedade se torna alvo fácil para ser enganada por aqueles que dominam a informação assim como as técnicas de imagem. Dois exemplos esclarecem bem essa manipulação da informação que é feita por muitos jornalistas que optam trocar a ética para fazer matérias mais emocionantes, que surpreendam o público. Uma delas aconteceu em 1990, na Romênia, quando foram divulgadas as imagens atrozes do ossário de Timisoara que mostravam cadáveres alinhados sobre lençóis brancos. Esses cadáveres, tidos como vítimas de um massacre em dezembro de 1989 durante a ditadura, eram na verdade corpos de pobres que foram desenterrados de um cemitério e cedidos a TV. Outra das várias estratégias de manipulação de imagens aconteceu em 1998 com a ajuda de um programa chamado Paintbox, conhecido por alterar imagens. A capa do Paris Match continha uma foto de Caroline de Mônaco e de Ernst de Hanovre juntos e sozinhos, como se fossem um casal íntimo. O caso foi desmascarado: na verdade, a foto original continha um grupo de pessoas e mostrava, entre Caroline e Ernst, uma amiga deles que o Paris match tinha simplesmente feito sumir na foto junto com as demais pessoas. Voila! Tinha-se assim criado uma matéria digna de capa!


Os três poderes


Até os anos 70/80, a imprensa era tida como um “quarto poder”, que podia contrariar os abusos dos três outros poderes – o executivo, o legislativo e o judiciário. Hoje, a imprensa está num outro tipo de classificação que leva em conta também três poderes separados hierarquicamente de acordo com sua intensidade. O primeiro deles é o poder econômico, o segundo é o poder midiático e o terceiro, o político. Muitos acreditam que o poder político está em segundo lugar, mas isso não pode ser mais afirmando, pelo menos hoje depois do caso de Watergate em que a imprensa conseguiu derrubar o homem mais poderoso do mundo na época - o presidente dos EUA, Richard Nixon. A informação hoje é tão poderosa que muitos correm na disputa para manipulá-la. Trabalhar com ela não é fácil e exige cuidado, pois a informação é uma arma capaz de derrubar qualquer um, seja uma pessoa digna ou não.

Infelizmente, muitas pessoas trazem consigo a idéia de que “boatos podem não ser verdadeiros, mas se foram contados é porque há alguma verdade”, isso torna a informação ainda mais poderosa nas mãos de quem a tem, vai da pessoa detentora de manipular informações ficar do lado da ética ou optar em criar estórias que atendam aos seus interesses.

Quem opta por criar estórias não faz jornalismo, não é jornalista, é apenas como se fosse um vírus que penetra na profissão para tirar proveito. Felizmente, muitos jornalistas são muito comprometidos com a verdade e brigam para manter a ética e a moral na profissão. São estes profissionais que reanimam a imagem do jornalista heróico e que trabalham sempre para realizar a missão fundamental da mídia que é esclarecer e enriquecer o debate democrático.


O caso Watergate*


“Esta desconfiança em relação a mídia em seu conjunto é relativamente nova. [...] no final dos anos 80, esta desconfiança não existia globalmente [...] alias, há pouco tempo, creditava-se a imprensa uma capacidade bastante espetacular de revelar as disfunções da política. O caso Watergate (do nome do imóvel de Washington onde foram descobertos micros dissimulados pelos republicanos) mostrou muito bem, nos anos 70, que dois simples jornalistas, Bob Woodward e Carl Bernstein, de um jornal serio, sim, mas não dominante, o Washington Post, podiam derrubar o presidente dos Estados unidos, Richard Nixon. [...]a maioria dos jornais pelo mundo afora, em particular nos grandes paises desenvolvidos e democráticos, tentaram imitar o tom e estilo jornalístico, valorizado por ocasião por ocasião do Watergate. Admitia-se que jornalistas, armados da verdade, pudessem opor-se a dirigente políticos”.

[Carl Bernstein disse]: “No Watergate, tínhamos um caso de abuso de poder sistemático e que se espalhava por toda parte. Um presidente dos estados unidos havia utilizado sua função para desviar o processo democrático: ordenava escutas telefônicas, assaltos, incêndios e espancamento de manifestantes. Jamais houve nada comparável em nossa historia. Nem antes, nem depois de Nixon”.

*trechos tirados inteiramente do livro “A tirania da comunicação” (p. 42 e 43).


Imagens: http://www.vermelho.org.br/admin/img_upload/Ramonet_entr.jpg

http://1.bp.blogspot.com/_mYxsY8QSXmU/SXYuNBtAc8I/AAAAAAAAAYs/OrO3GG0hjAQ/s400/79368.jpg



“A Tirania da Comunicação”


Bruno Rossi


Com o advento dos novos meios de comunicação e com a revolução capitalista, Ignácio Ramonet em seu livro “A Tirania da Comunicação” mostrou o quanto houve mudanças no setor informativo, retratando a postura do jornalismo desde a década de 80 e falando sobre o “ser jornalista de hoje”.

Ele abordou assuntos diversos sobre a crise da mídia e a falta de compromisso com a verdade por parte das empresas jornalísticas que vivem uma grande concorrência. Ramonet também tratou de alguns elementos dessa crise midiática. Um deles é a superinformação, na qual cita como exemplos o caso Clinton-Lewinsky e a morte de Lady Di, ambos os casos que ecoaram de forma extremamente intensa pela mídia na época em que se sucederam. Outro elemento é a chamada “censura democrática”, termo que se dá pela saturação de informações que os jornalistas são submetidos periodicamente, comprometendo a transmissão de informações que acabam chegando ao público de forma menos apurada e gerando o risco de possíveis erros de informação.

O autor ainda relaciona a imprensa como uma fonte de poder que, até certo tempo, questionava outros poderes (legislativo, executivo e judiciário) mantendo o controle democrático e que, apesar de ainda poderosa, hoje sofre com a perda de credibilidade, após uma série de publicações falsas, principalmente divulgadas durante os anos 80.

Fases do Jornalismo


Jornalismo de serviços

Erick Paytl

Apesar de já ter surgido no oriente, foi na Europa que a imprensa consolidou seu objetivo apenas vinculado com a impressão. Dentro do século 15, em meio a um período de transição do sistema feudal para o capitalista, surgia um tipo de jornalismo voltado para a prestação de serviços públicos diversos e que não tinha um número muito grande e publicações. Ele não era distribuído para a massa populacional – não tinha um excedente de cópias para estarem disponíveis para toda a população -, suas publicações eram encontradas em lugares de grandes movimentações como feiras e praças. Esse jornalismo que prestava serviço a população era chamado de jornalismo de serviços e surgiu numa época de grandes transformações na sociedade: a população aumentava, o comércio tornava-se mais complexo e um número crescente de pessoas começavam a se dedicar à escrita e a numeração para adquirirem conhecimento para aplicação comercial. O jornalismo de serviços passou, então, a exercer várias funções, entre elas a de informar a população sobre recentes acontecimentos, orientar reis sobre como administrar seus reinados e guiar os comerciantes em suas relações mercadológicas. O jornalismo sempre caminhou junto com o capitalismo, ou seja, ao passo que o capitalismo se desenvolvia, a necessidade por informar tornava-se cada vez maior. No século 15, o comércio estava numa grande fase de desenvolvimento, um comerciante precisava ter informações sobre as flutuações do mercado para que o seu negócio não se tornasse ultrapassado e sobrevivesse.
Apesar de o jornalismo ser escrito e os letrados da época serem compostos em sua maioria pela elite, não se pode dizer que o jornalismo de serviço era elitista, pois se por um lado os letrados conseguiam informações através da escrita, os não-letrados conseguiam se informar através da oralidade. Vale ressaltar ainda que, na época, havia censura por parte das classes dominantes que muitas vezes manipulavam as publicações causando problemas para a divulgação da imprensa. O jornalismo não surgiu numa sociedade democrática, mas num regime absolutista em que tudo que era escrito tinha intensa influência religiosa, influência essa que ainda iria decair junto com o absolutismo. Logo, o jornalismo demoraria a surgir através de seu veículo principal – o jornal.




Jornalismo de idéias (ou jornalismo libertário)

Pode-se dizer que a Revolução Francesa e a independência dos EUA talvez não teriam acontecido sem a imprensa. Para entender o quanto a imprensa foi importante no século XVIII, é preciso entender antes o contexto daquele momento tão efervescente.
Antigamente, havia a ideia de que tudo que acontecia na vida das pessoas ocorria naturalmente ou por decisão de Deus. Se uma criança nascia pobre, isso acontecia por causa natural ou por vontade de Deus, logo, sua posição social no mundo era inquestionável e inevitável. Após as descobertas científicas da época de Galileu, que contrariavam as teorias religiosas, muitos filósofos na Europa passaram a construir ideais através do uso da razão, estudando o homem como centro do universo que pudesse causar transformações em seu próprio destino. Esses filósofos foram personagens do movimento intelectual conhecido como Iluminismo e foram os pensamentos desse movimento que levaram os franceses, inconformados e sufocados pelas injustiças e desigualdades, a realizarem uma revolução em 1789. Mas como os ideais iluministas se disseminaram por toda a população francesa na época de pré-revolução?
Acontece que foram os jornais que difundiram esses ideais fornecendo conhecimento ao povo que então decidiu causar a revolução.
Na França, a vida dos pobres era revoltante: eles tinham fome; trabalhavam arduamente e pagavam impostos que só eles tinham que pagar. Foi nesse período que se ergueu um tipo de jornalismo que brigava pelos ideais de liberdade, igualdade e fraternidade. Um jornalismo libertário, cheio de traços opinativos e argumentativos que defendiam a ideia de revolução. As divulgações dos jornais não só se limitaram ao continente europeu, mas os pensamentos iluministas também alcançaram o novo mundo, onde aconteceria a Revolução Norte-americana em 1776 e a independência do Brasil, em 1822.
No caso do Brasil, a imprensa de opinião começou com a vinda da corte portuguesa e tinha como objetivo inicial educar o povo. Os jornais tratavam-se de temas políticos e, durante o período da independência, o debate político teve maior vigor com a participação tanto de jornais que apoiavam o rei quanto aqueles que eram politicamente independentes e republicanos como o Revérbero e o Sentinelas, respectivamente. Vale ressaltar que, naquela época, era comum os intelectuais saírem do Brasil para estudar na Europa que vivia o momento de divulgação das idéias iluministas. Assim, quando os intelectuais voltavam ao Brasil, traziam conhecimentos do movimento fornecendo mais rigor a idéia de independência no Brasil. Mais tarde, após a independência, os argumentos dos jornais se voltariam para o movimento abolicionista.



Jornalismo moderno ou mercadoria

“A revolução comercial fomentou simultaneamente o trânsito de mercadorias e o trânsito de informações na medida em que progressivamente a própria informação virou mercadoria. [...] A ascensão da burguesia na esteira da expansão do capitalismo comercial colocou novos problemas de governo para as autoridades, que rápido descobriram na imprensa nascente um meio de controlar a opinião e exercer o poder”. (HABERMAS citado por Frosi; Bertol, 2004)
O cenário onde o jornalismo moderno surge é marcado pelo crescimento urbano onde a alfabetização das pessoas está mais fortalecida e o comportamento das pessoas voltado para a sede de consumismo oriunda da revolução capitalista.
No século XIX, surge uma indústria cultural onde a cultura é transformada em mercadoria e a mercadoria em cultura. É um período em que já existem grandes impérios de comunicação que fazem transitar informações de vários gêneros formando fluxos informativos que alcançam grandes proporções. As notícias vão desde aquelas que contem interesse público até comentários de leitores. Há também uma forte presença da publicidade no jornalismo como fonte de rendimento para as empresas jornalísticas.
Os jornais do século XIX tornam-se um campo para a sociedade discursar e formar a opinião pública num momento em que a comunicação passa a ser uma fonte de poder. A imprensa passa por um enorme avanço e se torna um grande negócio. Surgem as figuras do repórter e do assessor de imprensa e passa-se a ser introduzidas escalas de salário. O jornalismo moderno dá valor as grandes reportagens, ao uso de imagens e de estilos gráficos como a cor e o design.



O novo jornalismo

O novo jornalismo é um gênero que surgiu nos Estados Unidos na década de 1960 tendo como principais participantes Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote.
Esse gênero “consistiria em tornar possível um jornalismo que... fosse igual a um romance" (Wolfe, 1976, p.18). O intuito era de haver uma fusão entre literatura e jornalismo, caracterizada pelo uso de técnicas literárias na captação, redação e edição de reportagens.

Estudando o contexto histórico, na época, os grandes jornais estavam tendo uma queda gradual em suas vendas devido à concorrência com a emergente televisão. Segundo Mendes (2000), “é curioso constatar que, face à força do discurso televisivo, a imprensa tenha sentido necessidade de regressar a um convívio mais íntimo com a literatura, aproximando-se, novamente, do jornalismo praticado no século XIX e início do século XX. A causa desse retorno seria a proximidade de significação dos conceitos ‘liberdade de imprensa’ e ‘liberdade de opinião’, com a qual se justificou a procura de ‘novas dramatizações da narrativa noticiosa’[...]”.

Tom Wolfe enumera quatro procedimentos literários aplicados no New Journalism que tornariam o texto jornalístico mais apaixonante: a descrição minuciosa da cena em que acontece uma situação, o uso de diálogos (discurso direto), o ponto de vista na terceira pessoa (que dá a sensação de o leitor estar presente na cena onde ocorrem os fatos) e os símbolos de status (descrição de gestos, hábitos e outras particularidades dos personagens). O novo jornalismo trabalhava com grandes reportagens e isso, naturalmente, exigia um trabalho de coleta de dados muito mais intenso, detalhado e, por conseguinte, demorado. Os jornalistas deste gênero chegavam a passar dias - ou semanas - com as pessoas sobre as quais escreviam. As reportagens do novo jornalismo continham um estilo mais imaginativo e lírico permitindo, inclusive, que o jornalista se inserisse na narrativa desde que não alterasse a realidade da notícia sobre a qual trabalhava. É marcante, no New Journalism, o uso de figuras de pontuação pouco convencionais no jornalismo, como reticências, exclamações, interjeições e onomatopéias.
Para Wolfe, o mais interessante não era a sensação de ter feito algo novo em jornalismo, mas sim a descoberta de que era possível fazer descrições muito fiéis da realidade usando técnicas habitualmente utilizadas no conto e no romance. Gay Talese disse numa entrevista para o jornal do Brasil: “New journalism [...] é um texto literário que não é inventado, não é ficção, mas que é narrado como um conto, como uma seqüência de filme. É como um enredo dramático digno de ser levado aos palcos e não apenas um amontoado de fatos, fácil de ser digerido” (2000).

No Brasil, em 1966, a revista Realidade e o Jornal da Tarde (JT) surgem como características do New Journalism. Aqui o gênero contou com a participação de Marcos Faerman, Fernando Portela, Cláudio Bojunga e José Hamilton Ribeiro. Na literatura brasileira, Euclides da Cunha, - com a obra Os Sertões - e Graciliano Ramos continham os tipos de relatos ideais procurados pelo novo jornalismo. Apesar de tudo, o gênero viveu por pouco tempo no Brasil devido principalmente a ausência de uma tradição de leitura de jornais e periódicos no país e também devido às novas relações de trabalho nas redações, que exigiam uma equipe cada vez mais enxuta e que fizesse seus trabalhos mais rápidos.

Fontes:
http://criticaecompanhia.com/allan.htm
http://www.qualquer.org/gonzo/monogonzo/monogonzo05.html/
http://publifolha.folha.com.br/catalogo/images/cover-135915-600.jpg
http://spotters.files.wordpress.com/2009/01/jornalismo.jpg
http://sampaioloki.files.wordpress.com/2008/08/jornalismo.jpg
http://www.meionorte.com/imagens/COL387As-Modernas-Tecnologias-na-Midia.jpg

Marcos histórico do jornalismo

Erick Paytl


59 a.C. – surgi o Acta Diurna (1º jornal);

1397-1468 – período em que viveu o alemão Johannes Gutenberg, criador da imprensa com tipos móveis (tipografia);

Século XV – jornalismo de serviço;

1455 – publicação da Bíblia impressa por Gutenberg;

Séculos XVI e XVII – decadência da imprensa por ela converter-se em instrumento exclusivo dos regimes absolutistas (submissão a censura);

Século XVIII – jornalismo de idéias / abolição a censura prévia;

1702 – surge o The Daily Courant (1º jornal em inglês);

Século 19 – jornalismo moderno;

1808 – época da independência no Brasil – surgem dois jornais: o Correio Braziliense e a Gazeta do Rio de Janeiro;

1889-1930 – período da 1º República no Brasil / diversificação da imprensa no Brasil;

Década de 30 – período de surgimento do rádio;

1939 – surge a emissora de radio O Grande Jornal Falado Tupi;

Décadas de 40 e 50 – época de ouro do radio;

Décadas de 50 e 60 – A televisão se populariza / o rádio se modifica para concorrer com a TV;

1941 – surge a emissora de raio Repórter Esso;

2º metade do século 20 – novo jornalismo;

1954 – surge a televisão em cores nos EUA;

1962 - A TV em cores chega ao Brasil;

1964-1985 – fase do regime militar no Brasil;

1968 – fase mais dura do regime com o decreto do ato institucional cinco (AI-5) que impôs a censura prévia a imprensa;

1969 - surge o Jornal Nacional da rede Globo;

Anos 80 – surge a Internet experimental;

Anos 90 - a Internet caminha para a democratização da informação;


Fontes: www.slideshare.net/guestb20a74/keula-10-cppt

http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%A1gina_principal

www.adnews.com.br/midia.php?id=88695

domingo, 31 de maio de 2009

QUERMESSE SOLIDÁRIA!

Mariane Rodrigues - aluna do 1º semestre de Ed. Física

EXPLICAÇÃO DA QUERMESSE POR ORGANIZADORES:

A turma do 1º semestre noturno de Educação Física da Universidade Metodista de São Paulo realizará uma quermesse destinada aos moradores de rua pertencentes à instituição São Francisco de Assis, localizada no Demarchi, São Bernardo do Campo. Esse será o trabalho de conclusão de semestre no módulo de Corpo e Movimento. Gostaríamos de pedir doações de alimentos, prendas (que podem ser brinquedos ou kit com acessórios úteis para eles, como pasta e escova de dentes, etc) e agasalhos usados. Queremos também ressaltar que estamos pedindo ajuda, não por ser nosso trabalho de conclusão de semestre, mas porque consideramos mais importante ajudar essa instituição que não possui nenhum tipo de subsídio do governo e que atende mais de 90 moradores de rua incluindo crianças e idosos. Todas as barracas,tanto as de comida quanto as de brincadeiras, serão inteiramentes gratuitas uma vez que somente os moradores de rua participarão desse grande evento, exceto voluntários para auxiliar na organização. Por esse motivo pedimos a colaboração de todos e esperamos receber o máximo de ajuda possível.

Agradecemos desde já
Turma de Ed. Física 1º semestre noturno

Universidade Metodista de São Paulo


Danielli Franco/ Nayra Brighi


Para maiores esclarecimentos sobre esse evento solidário organizado pelos alunos do 1º semestre noturno de Ed. Física da UMESP, os parasitas foram atrás de mais informações para você que quer ajudar nessa causa. Para isso, entrevistamos Mariane Rodrigues, que foi quem indicou o Instituto São Francisco de Assis para o trabalho de conclusão de semestre, justamente por já conhecer e participar do trabalho que é feito no local.

Informe Parasita: Como e quando surgiu o projeto de caridade com o Instituto São Francisco de Assis?

Mariane Rodrigues: O projeto teve início no começo do ano passado. A gente já vinha ajudando outras instituições sempre em final de ano, que era o que a gente podia. Agora o projeto São Francisco de Assis começou mesmo quando eles nos procuraram, por necessidade, pelo fato de não terem ajuda de governantes, prefeitura e nada que viesse a ser uma renda em particular. Então foi quando entramos junto com o Instituto, e fomos atrás de doações, e assim o projeto foi crescendo. Hoje a gente tem já uma capela, um local, e tudo graças as instituições que também ajudaram.

IP: E quando você fala "a gente", você se refere a quem?

MR: Ao grupo de dança "Serginho Country Dance".

IP: Quantas pessoas estão envolvidas na produção do projeto e quantos moradores este ajuda?

MR: De moradores de rua hoje, fixos, a gente tem na base de noventa. Pessoas envolvidas diretamente, cerca de trinta. Agora, indiretamente com firmas, doações que a gente tem sempre no final de mês, a gente já tem inclusive uma quantidade boa.

IP: Vocês tem algum apoio financeiro de instituições privadas?

MR: Nenhuma, mesmo porque a gente não admite. Não queremos que saiam falando "oh, a gente ajudou!". Se ajudar, tem que ser por vontade própria.

IP: De que forma as pessoas interessadas podem contribuir com a Instituiçao?

MR: Sempre agradecemos por agasalhos, por alimentos não perecíveis, cobertores, que é o que a gente mais necessita agora por causa do frio, e renda se for o caso de empresas pequenas e que não queiram a divulgação do nome por isso.

IP: E falando da quermesse, quem tem permissão para participar da festa?

MR: Se for para ajudar, todos tem! A gente vai ter uma quantidade de alimentos acessível apenas aos moradores de rua, mas quem quiser ajudar na organização não vai ter problema algum.

IP: E qual a data da "Quermesse solidária"?

MR: Vai acontecer no dia 13 de junho, a partir das 14h até ás 18h. Vamos ter eventos recreativos, quadrilha com os alunos da Metodista e ainda comidas típicas.

IP: Qual o local da festa?

MR: O local ainda não está definido, mas provavelmente será no Madre Vicenza atrás do supermercado Sonda.

IP: E para finalizar, deixe o leitor do Informe Parasita convencido de que deve ajudar nessa importante festa.

MR: Pessoal, ajuda! É uma causa nobre, a gente está precisando muito de doações! São pessoas que necessitam, não é brincadeira! Venham e façam disso uma boa ação para o coração de cada um de vocês!

*Doações devem ser direcionadas aos alunos do 1º semestre noturno de Ed. Física da Universidade Metodista de São Paulo (campus Rudge Ramos - SBC)

Para mais informações sobre a "Quermesse solidária", deixe seu comentário ou envie um e-mail para informeparasita@yahoo.com.br

"A única coisa necessária para o triunfo dos males é que os homens bons não façam nada." (Edmund Burke)

sexta-feira, 15 de maio de 2009

O ciclo do capitalismo


Nayra Brighi / Danielli Franco

Adaptação de carta ao leitor da revista VEJA

Com os governos despejando trilhões de dólares na economia dos países em crise na tentativa de evitar uma recessão global, o momento atual é péssimo para pregar as falsas virtudes do liberalismo, como a economia livre do Estado, a diminuição dos gastos de custeio, etc. Se a hora não é boa, isso não significa que exista hora boa. Afinal, é tapar os olhos não reconhecer que a aplicação delas em escala planetária nos últimos séculos não foi a fonte do imenso regresso que colocou na miséria centenas de milhões de seres humanos no Brasil, na China, na Índia e em todos os outros países em desenvolvimento capitalista. Desafiar a realidade para enaltecer o liberalismo não foi o único demérito da 22ª edição do Fórum da liberdade, realizado em Porto Alegre na semana passada pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE).O Fórum serviu sobretudo para reafirmar o fato de que o neo-liberalismo ainda é a ideologia principal no mundo (implantada também através da mídia, na denominada “liberdade de imprensa”) pois conseguiu resgatar a idéia de democracia em tempos em que dinheiro público é utilizado como “tapa buracos” de um sistema falho, novamente em crise.

No discurso em que agradeceu o Prêmio Liberdade de Imprensa no fórum de Porto Alegre, Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração e diretor editorial do Grupo Abril, citou que, a imprensa pouco pode sozinha. Disse que o papel da imprensa é conscientizar a população para eleger os candidatos corretos, afirmando dessa maneira que a causa dos problemas econômicos já conhecidos são resultados apenas dos governantes atuais eleitos pelo povo e não do sistema. O cientista político estadunidense Francis Fukuyama diz que o estado mínimo é uma experiência fracassada mas que o liberalismo não pode ser culpado pela crise, e sim a passividade que levou á “máxima desregulamentação dos mecanismos financeiros e á crença de que os mercados iriam se ajustar automaticamente a qualquer situação”. Em resumo, eles afirmam que a culpa da crise não é do liberalismo mas sim do povo...Que votou em liberais.



adaptação de carta ao leitor da revista VEJA, edição 2108 - ano 42 - nº15
15 de abril de 2009

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Descobrimento do Brasil: Um acidente de percurso?

Texto retirado de http://www.canalkids.com.br/ e adaptado por Carolina Mendes ao informe parasita
Imaginem só se em 22 de abril de 1500 existisse o jornal impresso publicado diariamente como nos dias de hoje como seriam as reportagens sobre o descobrimento do Brasil no dia em que Cabral desembarcou em Lisboa, 21 de julho de 1501, seria assim...

NAVEGADOR PORTUGUÊS DESCOBRE NOVAS TERRAS NA AMÉRICA!!!

No dia 22 de abril do ano de 1500, o navegador português Pedro Álvares Cabral e sua frota alcançaram terras desconhecidas, que batizaram de Ilha de Vera Cruz. Eles haviam partido de Portugal no mês anterior com destino às Índias, em busca de ouro e especiarias.


Um desvio na rota acabou fazendo com que chegassem ao novo território - uma terra de grande beleza, como bem descreve a carta de Pero Vaz de Caminha ao rei Dom Manuel I. Apesar de estar sendo recebido em Portugal com todas as glórias, neste dia 21 de julho de 1501, após violento combate em Calicute, há especulações de que Cabral não teria descoberto as novas terras por mero acaso.


EXCLUSIVO!!!!


PEDRO ÁLVARES CABRAL CONCEDE ENTREVISTA Á INFORME PARASITA

Informe Parasita: Como o senhor chegou às terras brasileiras?

Pedro Alvares Cabral: Parti de Portugal comandando uma frota de 13 embarcações no dia 8 de março, com 1.500 homens e 8 padres. A maior frota portuguesa até então! Chegaram a terra firme 12 naus, mas infelizmente apenas 6 retornaram a Portugal. Nosso objetivo era alcançar as Índias, para comercializar mercadorias e levar a religião católica para outros povos. Nosso rei, Dom Manuel, queria impressionar o samorim, o rei de Calicute, na Índia, com uma frota rica e poderosa, para melhor fazer negócios. O samorim havia esnobado Vasco da Gama, que desembarcara em Calicute com navios pequenos e sem riquezas.


Informe Parasita: É verdade que Portugal já tinha conhecimento da existência dessas novas terras?

Cabral: Isso eu não posso dizer.


Informe Parasita: O que o senhor tem a dizer sobre os boatos de que o senhor não seria o primeiro a descobrir as novas terras?


Cabral: Que boatos? Isso é intriga da oposição! Que tipo de jornal é esse que dá ouvido a boatos?

Informe Parasita: Temos nossas fontes. Em 26 de janeiro do anode 1500, ou seja, no ano passado, o capitão espanhol Vicente Yáñez Pinzón teria desembarcado em um local que chamou de Santa Maria de La Consolación (Hoje, Ponta do Mucuripe, cerca de 10 quilômetros ao sul da atual Fortaleza, capital do Ceará). Os marujos teriam gravado a data, seus nomes e os de seus navios em árvores e rochas. Outro navegador espanhol, parente de Pinzón, Diego de Lepe, teria chegado ao Brasil no início de fevereiro (Hoje, os historiadores têm opiniões diferentes de onde seria o local Cabo de Santo Agostinho, em Pernambuco, ou Cabo de São Roque, a 100 km de Natal, capital do Rio Grande no Norte)




Cabral: Se vocês insistirem nessa história, mando processar o jornal por traição à Coroa de Portugal!

(Cabral se exauta e ameaça agredir repórter de informe parasita, com muita cautela nosso repórter retoma a entrevista. )

Informe Parasita: Bem, essa é uma dúvida que vai intrigar os futuros historiadores. Mas voltando à viagem, como foi a chegada?

Cabral: No dia 22 de abril de 1500, avistamos uma elevação que chamei de Monte Pascoal, porque era época da Páscoa. A presença de aves marinhas e de grandes algas flutuando no mar já indicava a proximidade de terra firme. No dia seguinte, enfrentando as ondas causadas por uma terrível tempestade, conseguimos encontrar uma baía para ancorar, por isso chamei o lugar de Porto Seguro, um lugar muito bonito.

Informe Parasita: E o contato com os índios?

Cabral: Havia cerca de 20 nativos na praia, completamente nus, portando arco e flecha. Mas eram bastante amistosos. De início, trocamos algumas roupas e nossas boinas vermelhas por colares de conchas. Francamente, fiquei surpreso com o comportamento dos nativos. Um dia, capturamos dois jovens índios e os levamos a bordo. Nós conversamos por gestos e em nenhum momento eles demonstraram medo por estar entre desconhecidos. A tripulação ficou agitada quando os índios apontaram para meu colar de ouro e depois para a terra, como se estivessem querendo dizer que lá também havia ouro. Ficaram deslumbrados com as galinhas que levamos, veja você! Os índios estavam tão à vontade que até dormiram no barco, em pleno convés.

Informe Parasita: Depois você seguiu viagem em direção às Índias, onde entrou em conflito e acabou bombardeando Calicute por 15 dias. Como foi o ataque?

Cabral: Essa é uma longa história, que vocês podem deixar para a próxima edição, ora pois...


EXTRA! PORTUGUESES SÃO ABANDONADOS EM TERRA ESTRANHA

Tem gente que gosta mesmo de aventura! Não é que alguns marinheiros portugueses ficaram no Brasil, enquanto o resto da tripulação seguia viagem? Dois deles foram deixados de propósito para servir como informantes do rei. Eram dois degredados, condenados por crimes em Portugal, que abriram o maior berreiro quando foram deixados na praia.
Choraram tanto que até os nativos ficaram comovidos e caíram no choro também. Vinte meses depois, foram resgatados pela expedição de reconhecimento comandada por Américo Vespúcio. Os relatos de um dos chorões, Afonso Ribeiro, foram muito importantes para Portugal. Os outros marinheiros que haviam ficado simplesmente desertaram, cansados da vida sofrida a bordo. Em uma terra tão bonita, com fartura de comida e de índias sem roupa, escapuliram do navio rapidinho e nunca mais foram vistos. Ninguém nunca soube o que aconteceu com os marujos fujões. Será que conseguiram viver entre os índios? Ou será que serviram de jantar para os índios canibais?


TERRA DOS PAPAGAIOS

Uma outra curiosidade sobre os primeiros dias da descoberta foi o nome dado ao Brasil. Cabral batizou as novas terras com o nome de Ilha de Vera Cruz (ou da cruz verdadeira, devido à grande cruz fincada no dia da segunda missa). Mas os marinheiros não estavam nem aí com o nome oficial. Eles inventaram outro nome "Terra dos papagaios". Araras e papagaios multicores enfeitavam a paisagem, e durante mais de três anos, ninguém chamava o Brasil pelo nome dado por Cabral. Os portugueses trocaram quinquilharias e suas toucas vermelhas de marujos por essas aves maravilhosas, que viajaram até Portugal e deslumbraram seus compatriotas d'além mar.Depois, o Brasil passou a ser chamado de Terra de Santa Cruz, por ordem do rei Dom Manuel. Poucos anos depois, o país seria conhecido como Brasil, devido à grande quantidade de pau-brasil, uma árvore de tronco avermelhado usada para tingir tecidos, muito apreciada na Europa.Devido à paisagem paradisíaca, o nome do Brasil também pode ter derivado de uma ilha lendária na mitologia celta, a ilha Brazil. Era um lugar mágico perto da Irlanda, que fascinou muitos navegadores e chegou a aparecer em alguns mapas da época.


Mas a pergunta que não quer calar...

O DESCOBRIMENTO FOI POR ACASO?
Tratado de Tordesilhas garante a Portugal plenos direitos sobre a terra descoberta por Cabral

Dizem que Cabral descobriu o Brasil por acaso. Será? Tudo indica que os portugueses sabiam da existência dessas terras. Outros navegadores teriam passado bem perto daqui, como o português Duarte Pacheco, em 1498.

A própria viagem de Cristóvão Colombo, que descobriu a América em 1492, sugeria a existência das novas terras ao sul da República Dominicana. Seis anos antes da viagem de Cabral, Portugal e Espanha assinaram o Tratado de Tordesilhas. Nesse documento, os dois países rivais na expansão marítima chegaram a um acordo.

Traçaram uma linha imaginária que passava a 370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde, colônia portuguesa próxima ao continente africano. O mundo ficou dividido em dois: as terras descobertas do lado esquerdo (oeste) dessa linha ficariam com a Espanha; as do lado direito (leste) ficariam com Portugal.

Ora, grande parte do Brasil ficava exatamente do lado português. Ao menos, a parte que mais interessava aos espertos e bem-informados portugueses: seu extenso litoral, rota fundamental para cruzar o Cabo da Boa Esperança e chegar às Índias. Portanto, faz sentido pensar que Cabral tinha uma missão secreta: encontrar as novas terras, garantindo o domínio de Portugal sobre elas.


(Quinhentos anos depois do fechamento desta edição, a polêmica e o mistério continuam. Nenhum dos documentos originais da viagem do descobrimento, como a carta de Pero Vaz de Caminha deixou indicações definitivas sobre a verdadeira intenção de Cabral)




CURIOSIDADES:




CULINARIA
Segundo os relatos, o encontro inicial entre os índios e os viajantes portugueses aconteceu de maneira pacífica. Só não houve acordo quanto à comida. Os dois índios que subiram a bordo de uma das caravelas experimentaram as comidas e bebidas oferecidas: pão, peixe cozido, bolo, mel, figos secos e vinho.

Não gostaram de nada. Cuspiam fora tudo que colocavam na boca. Não era para menos! Eles não estavam acostumados a nada daquilo.A alimentação básica dos índios vinha das plantações de milho, inhame, feijão, abóbora e mandioca, além das frutas nativas, como o abacaxi. Até a água oferecida pelos "anfitriões" portugueses não se comparava àquela que os índios bebiam: tinha ficado armazenada em tonéis durante mais de 40 dias e não era nada fresca...

Imaginem se os índios tivessem provado da ração servida nas naus cabralinas! Sairiam correndo! A base da dieta a bordo era um biscoito duro e salgado, bolorento e fedorento, além de carne salgada, cebola, vinagre e azeite. Essa dieta muito pobre em vitaminas, causava uma doença terrível nos marujos, chamada escorbuto. Provocada pela carência de vitamina C, o escorbuto fez muitas vítimas fatais durante as viagens marítimas. Para alívio dos navegantes, no século 18 o capitão inglês James Cook descobriu que o consumo de limões e laranjas, ricos em vitamina C, combatia a doença.




COLUNA SOCIAL

No dia 26 de abril de 1500, domingo de Páscoa, foi realizada a primeira missa em terra firme, na praia. Todos estavam lá: o comandante Pedro Álvares Cabral, a tripulação da frota, os padres que também participaram da viagem.

O frei Dom Henrique celebrou a missa, acompanhada com grande devoção pelos portugueses. O melhor é que os índios, os verdadeiros donos da casa, também apareceram, curiosos para ver aquele desconhecido e solene ritual. Depois da missa, os nativos começaram a tocar conchas e buzinas, pulando e dançando. Resumindo: o primeiro evento social brasileiro foi um sucesso!

No dia 1º de maio, foi erguida a primeira cruz e rezada a segunda missa. Carregando os estandartes da Ordem de Cristo, mais de mil homens da esquadra de Cabral seguiram em romaria até o local escolhido para fincar a grande cruz, de cerca de sete metros.

A cruz foi ali colocada também para assegurar a posse da terra ao rei Dom Manuel, sinalizar uma boa fonte de água e o local onde seriam deixados dois degredados, futuros informantes. Cerca de 80 índios acompanharam a celebração, repetindo os gestos, levantando e se ajoelhando como os portugueses. Um luxo só!


MODA

Entre índios e portugueses, quanta diferença no visual! Os portugueses chegaram com suas roupas pesadas, botas de couro e boinas na cabeça. O tipo de roupa perfeito para o clima frio europeu e para as exigências da nobreza, mas nem um pouco adequado ao calor tropical.

Enquanto isso, os índios nem se preocupavam em vestir alguma coisa. Andavam completamente nus, usando apenas bonitos "acessórios", como colares e cocares de penas multicoloridas. Para os portugueses, criados numa sociedade bastante diferente, aquilo era totalmente imoral.

Mas para os índios a nudez era a coisa mais natural do mundo. Esquisitas eram aquelas roupas calorentas que ainda por cima atrapalhavam na hora de correr, caçar, subir em árvores...

SEÇÃO DE CARTAS

O Informe Parasita obteve, com exclusividade, trechos da carta que Pero Vaz de Caminha enviou ao rei Dom Manuel. A carta chegou por meio de Gaspar de Lemos, que comandava a nau de mantimentos da frota de Cabral, enviada de volta a Portugal para dar notícia do "achamento" do Brasil.

Contratado para ser o contador da feitoria em Calicute, na Índia, para onde Cabral depois se dirigiu, Caminha também era escritor de talento. Sua carta, tida como a "certidão de nascimento" do Brasil, descreve com brilho e detalhe os primeiros dias dos portugueses na nova terra e seu contato com os índios.

Pero Vaz faleceu pouco depois, em combate contra os árabes em Calicute. Para homenageá-lo, o Informe Parasita pede perdão aos leitores e cede sua Seção de Cartas ao bravo escriba. (Desaparecida durante muitos anos, a carta de Caminha só foi redescoberta e publicada em 1817, pelo historiador português Manuel Aires do Casal)

24 de abril de 1500, Sexta-feira

Sobre os índios

"A feição deles é parda, um tanto avermelhada, com bons rostos e bons narizes, bem-feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura. Não fazem o menor caso de encobrir ou de mostrar suas vergonhas, e nisso têm tanta inocência como em mostrar o rosto. Ambos traziam o lábio de baixo furado e metido nele seus ossos (...) agudos na ponta como furador. (...) Os seus cabelos são lisos. E andavam tosquiados (...) e rapados até por cima das orelhas (...) "

(Caminha, como os outros, ficou maravilhado com a inocência, ingenuidade e beleza dos índios, que se mostraram bastante dóceis desde o início).

O contato a bordo

"Afonso Lopes, nosso piloto, estava em um daqueles navios pequenos. (...) Tomou dois daqueles homens da terra, mancebos e de bons corpos, que estavam em uma espécie de jangada. Já de noite, Afonso Lopes trouxe-os ao Capitão, em cuja nau foram recebidos com muito prazer e festa. (...) Quando eles vieram, o Capitão estava sentado em uma cadeira, bem-vestido, com um colar de ouro muito grande no pescoço, e tendo aos pés um grande tapete como estrado. (...) Um deles, porém, reparou no colar do Capitão e começou a acenar para a terra e depois para o colar, como se nos quisessem dizer que na terra também havia ouro. (...) Nós assim interpretávamos os seus gestos, porque assim o desejávamos (...)"

(Durante muitos anos, Portugal desprezou o Brasil por considerar que as novas terras não tinham minérios de valor, como ouro, prata e ferro, em seu subsolo, se contentando em pilhar o pau-brasil, madeira valiosa na Europa. Por um bom tempo, o Brasil serviu apenas como rota e porto seguro para as Índias. Hoje sabemos que isso não é verdade, e que o país possui algumas das maiores reservas minerais do mundo!)

26 de abril de 1500, Domingo

O palhaço Diogo Dias

"Do outro lado do rio, andavam muitos deles, dançando e folgando, uns diante dos outros, sem se tomarem pelas mãos. (...) Dirigiu-se, então, para lá, Diogo Dias, homem gracioso e de prazer. Levou consigo um gaiteiro e sua gaita. E meteu-se a dançar com eles, tomando-os pelas mãos; e eles folgavam e riam, e andavam com ele muito bem ao som da gaita. Depois de dançarem, fez-lhes ali, andando no chão, muitas piruetas e salto mortal, de que eles se espantavam e riam muito. Mas como Diogo Dias tocasse neles e os segurasse com essas brincadeiras, logo se tornaram esquivos como animais monteses (...)"

(Apesar de "mansos", os índios evitavam o contato físico com os portugueses. Demonstravam dessa forma não serem tão ingênuos, assim como o fato de não deixarem os portugueses dormirem na aldeia.)


30 de abril de 1500, Quinta-feira

Gente inocente

"Parecem-me gente de tal inocência que, se nós os entendêssemos, e eles a nós, seriam logo cristãos, porque parecem não ter nenhuma crença. E portanto, se os degradados que aqui hão de ficar aprenderem bem sua fala e os entenderem, não duvido que eles (...) hão de se tornar cristãos em nossa santa fé. Portanto, Vossa Alteza, que tanto deseja fazer crescer a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles . (...) Eles não lavram, nem criam. Nem há aqui boi, vaca, cabra, ovelha, galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado a conviver com o homem. (...) Nesse dia, enquanto ali andavam, dançaram e bailaram sempre com os nossos, de maneira que são muito mais nossos amigos do que nós seus (...)"

(Aqui, Caminha se refere à docilidade dos índios, o que poderia facilitar a catequização pelos missionários católicos. É interessante notar a sinceridade do relato neste último trecho, em que Caminha reconhece as "segundas intenções" dos portugueses diante da alegria desinteressada dos índios)

Uma terra rica

"Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem o vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares, frios e temperados (...). As águas são muitas, infindas. E em tal maneira é graciosa que, querendo-se aproveitá-la, dar-se-á nela tudo por causa das águas que tem."

(Caminha não poderia imaginar o tamanho das riquezas da nova terra descoberta. Imaginem se tivesse visto o rio Amazonas em toda a sua imensidão ou se soubesse que o Brasil, ainda hoje, possui a maior extensão de terras cultiváveis do mundo!)

BRASIL 500 ANOS DEPOIS

Na época do Brasil Colônia, quase todo mundo morava no campo, onde se concentravam as atividades econômicas mais lucrativas, como os engenhos de cana-de-açúcar. As famílias ricas tinham casas na cidade, mas quase só saíam de suas fazendas nas épocas de festas. Enquanto isso, as cidades eram pouco desenvolvidas, com população pequena que sobrevivia do comércio e das atividades administrativas.

O processo de urbanização e o crescimento das cidades começou a ganhar impulso quando o rei de Portugal, Dom João VI, transferiu a corte portuguesa para o Brasil e se instalou no Rio de Janeiro em 1808, fugindo do conquistador Napoleão Bonaparte.

Imagine o que deve ter sido, para uma cidade de 50 mil moradores, a chegada de mais de 10 mil novos habitantes, vindos da Europa! Foi uma mudança e tanto. A capital da colônia começou a virar "gente grande": ganhou bibliotecas, novos teatros, passeios públicos. A maior badalação!

Com o crescimento das cidades, muita coisa mudou no Brasil. Muita gente saiu do campo e foi para a cidade, e 500 anos depois, é um país muito diferente ...


AS CIDADES CRESCEM

Mesmo com essas mudanças, o Brasil continuou a ser um país basicamente agrícola. Em 1872, já na época do Império, somente 20% da população se dedicava ao setor de serviços ou à indústria. E o Rio de Janeiro permanecia sendo o único grande centro urbano, seguido por Salvador, Recife e Belém.

A partir do final do século 18, depois de proclamada a República, em 1889, teve início o incrível crescimento de São Paulo, cidade que enriqueceu com o comércio do café e atraiu muitos imigrantes. Em apenas 10 anos (1890-1900), a população passou de pouco mais de 60 mil habitantes para quase 240 mil.

A cara do Brasil urbano só começa mesmo a se definir, e muito rápido, a partir dos anos 50. Veja só quanta diferença: em 1940, a população urbana somava apenas 16% da população brasileira; mas em 1980 o número cresceu para 51,5%, quer dizer, a maioria das pessoas passou a morar nas cidades.

Surgiu uma grande quantidade de indústrias, que atraíam muita gente com ofertas de emprego, e o setor de serviços teve um enorme crescimento. Enquanto isso, no campo, as máquinas substituíam muitos trabalhadores, que corriam para as cidades em busca de trabalho.


UM PAÍS DO FUTURO?

Olhando para trás, vemos quanta coisa mudou nos últimos 500 anos! Os índios, que eram os senhores da terra, hoje não podem bobear: precisam lutar por seus direitos a todo momento para que não sejam ainda mais explorados e dizimados. A colônia virou Império e depois República. Mas nunca conseguiu se livrar dos interesses estrangeiros dispostos a tirar suas vantagens.

O povo brasileiro foi se formando através dos séculos, surgindo da mistura de negros, índios e brancos, criando sua própria cultura. Aos poucos, os brasileiros foram descobrindo seu próprio país. Primeiro se estabeleceram no litoral, depois se embrenharam país adentro, explorando o interior, a Amazônia e até construindo uma moderníssima capital, Brasília, em pleno descampado do Planalto Central.

As cidades, que nos primeiros tempos dependiam do campo, onde se concentrava a maioria da população, ganharam cada vez mais importância a ponto de transformar o Brasil num país, hoje, essencialmente urbano. Com tantas mudanças, é impossível não se perguntar: como serão os próximos 500 anos?

domingo, 12 de abril de 2009

Rede Globo

Carolina Mendes

Olá Parasitas! Avançamos no tema histórico do jornalismo impresso, agora iniciaremos uma introdução ao jornalismo televisivo. Parte da história da televisão deve-se a Rede Globo, com muito para contar, e ano a ano conquistando mais um pouco do seu espaço. Através de fotos, vídeos, depoimentos, e verbetes informativos, o público tem acesso ao material exibido pela emissora desde a sua fundação, em 1965, até os dias atuais através da área destinada a Memórias da Globo pela internet. Anos de esforço e competentes profissionais acompanham marcos históricos e fazem histórias com vinhetas inesquecíveis para vida de quem acompanha a trajetória do canal “Globo e você, tudo a ver”, “Quem tem Globo, tem tudo” ou então “Globo a gente se vê por aqui” ainda usada nos dias de hoje.




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