sexta-feira, 15 de maio de 2009

O ciclo do capitalismo


Nayra Brighi / Danielli Franco

Adaptação de carta ao leitor da revista VEJA

Com os governos despejando trilhões de dólares na economia dos países em crise na tentativa de evitar uma recessão global, o momento atual é péssimo para pregar as falsas virtudes do liberalismo, como a economia livre do Estado, a diminuição dos gastos de custeio, etc. Se a hora não é boa, isso não significa que exista hora boa. Afinal, é tapar os olhos não reconhecer que a aplicação delas em escala planetária nos últimos séculos não foi a fonte do imenso regresso que colocou na miséria centenas de milhões de seres humanos no Brasil, na China, na Índia e em todos os outros países em desenvolvimento capitalista. Desafiar a realidade para enaltecer o liberalismo não foi o único demérito da 22ª edição do Fórum da liberdade, realizado em Porto Alegre na semana passada pelo Instituto de Estudos Empresariais (IEE).O Fórum serviu sobretudo para reafirmar o fato de que o neo-liberalismo ainda é a ideologia principal no mundo (implantada também através da mídia, na denominada “liberdade de imprensa”) pois conseguiu resgatar a idéia de democracia em tempos em que dinheiro público é utilizado como “tapa buracos” de um sistema falho, novamente em crise.

No discurso em que agradeceu o Prêmio Liberdade de Imprensa no fórum de Porto Alegre, Roberto Civita, presidente do Conselho de Administração e diretor editorial do Grupo Abril, citou que, a imprensa pouco pode sozinha. Disse que o papel da imprensa é conscientizar a população para eleger os candidatos corretos, afirmando dessa maneira que a causa dos problemas econômicos já conhecidos são resultados apenas dos governantes atuais eleitos pelo povo e não do sistema. O cientista político estadunidense Francis Fukuyama diz que o estado mínimo é uma experiência fracassada mas que o liberalismo não pode ser culpado pela crise, e sim a passividade que levou á “máxima desregulamentação dos mecanismos financeiros e á crença de que os mercados iriam se ajustar automaticamente a qualquer situação”. Em resumo, eles afirmam que a culpa da crise não é do liberalismo mas sim do povo...Que votou em liberais.



adaptação de carta ao leitor da revista VEJA, edição 2108 - ano 42 - nº15
15 de abril de 2009

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